Boracay: o Fim de Semana de Coincidências

É a quarta vez que visito Boracay desde que vim morar nas Filipinas, há três anos… Embora se tenha que pegar um vôo até Caticlan, um tryke do aeroporto até o porto, pagar as taxas portuárias (são três: o environmental fee, que custa PHP 100.00, a taxa do porto, PHP 40.00 e a taxa do barco, PHP 15.00) e, do porto da ilha de Boracay, pegar outro tryke para se chegar ao hotel, toda a estrutura de Caticlan está voltada para a visita à famosa ilha de Boracay.

Fomos no fim de semana do feriado do Ano Novo Chinês que, em 2014, caiu dia 31 de janeiro, uma sexta-feira. Sempre soube que Boracay é a praia-destino de muitos asiáticos, principalmente de chineses e coreanos. Mas, considerando que o Ano Novo Chinês é um feriado que dura, no mínimo, uma semana nas terras de Mao, pensei que no dia 01 de fevereiro, um sábado, o porto fosse estar com uma movimentação normal de fim de semana e Boracay fosse estar lotado. Estava parcialmente enganada.

White Beach no Ano Novo Chinês de 2014!

White Beach no Ano Novo Chinês de 2014!

Chegamos pelo aeroporto de Kalibo pela Air Asia. Pela quantidade de chineses que havia no vôo, já deveria ter adivinhado que não somente Boracay estaria lotada, mas o único acesso à ilha também. Quando o avião pousou e começamos a buscar uma van que nos levasse ao porto de Caticlan, me dei conta que a quantidade de pessoas que chegava a Boracay, no segundo dia do Ano Novo Chinês, era incrível.

Acabamos por ir em duas vans para que pudéssemos chegar ao mesmo tempo. Não faz sentido, mas só havia uma vaga em cada uma das vans (o pior assento do mundo, aquele sem apoio de cabeça) e ambas partiriam no mesmo horário. Ao embarcarmos, com os celulares nas mãos (para fofocarmos sobre o absurdo que parecia a situação), um dos funcionários que trabalhava com aquele grupo de vans informou “o Porto de Caticlan está fechado por causa da depressão tropical…”

Ah, esqueci de dizer, não é mesmo? Naquela manhã, começou a chover em Boracay devido a uma depressão tropical (ou seja, a versão teen de um tufão) que ameaçava a ilha. Se chegássemos ao porto de Caticlan, teríamos a chance de alugar o barco de algum pescador ganancioso (sempre se pode contar com a ganância das pessoas) e pagar um valor absurdo para se tentar uma travessia que, em dias normais, duraria 15 minutos. Era arriscar ou dormir em Kalibo, uma cidade que não tem nada além do aeroporto.

Chegando ao porto, vi uma horda de chineses que engolia as poucas outras nacionalidades que estavam em uma tentativa de fila. Tentativa porque, para os chineses, o conceito “fila” difere bastante do conceito de fila indiana que conhecemos, ou seja, uma pessoa atrás da outra. Naquele momento, a horda de pessoas caminhava em direção à porta do porto de uma forma desordenada, sem saber quem tinha ou quem não tinha os três vouchers das taxas devidamente pagas em mãos.

Nessa zona, conhecemos uma mexicana e dois árabes. Como os únicos estrangeiros que não pertenciam à terra de Mao, nos juntamos, os cinco, e, finalmente, chegamos às bilheterias.

Existem três bilheterias no porto de Caticlan, mas cada uma vende um dos vouchers necessários. É um procedimento um pouco burro que nunca entendi já que três pessoas poderiam ser atendidas de uma vez se uma só bilheteria vendesse os três tickets necessários para a travessia. Mas, naquele momento, o senso de união falou mais alto e todos nós estávamos comprando os tickets de todos.

“Temos o environmental fee e a taxa do porto” alguém, do nosso pequeno grupo de recém-conhecidos, gritou.

“Acho que falta o barco!” eu gritei de trás.

Finalmente, todos tínhamos todos os tickets necessários.

Desse grupo, conversei com a mexicana. Amo falar em espanhol e, sempre que posso, o pratico. Bem, papo vai, papo vem e descubro que ela vivia em Shanghai há vários anos:

“Que legal!” digo “Em Boracay, vou encontrar uma amiga que mora lá também!”

“Ah, e como ela se chama?”

“Christine”, respondi.

“Christine Marote? Eu a conheço!”

Gente, o quão minúsculo pode ser o mundo? Sério mesmo… Sei que vivo em uma comunidade de estrangeiros e, em geral, as comunidades de estrangeiros são pequenas. Mas a China é um país com mais de um bilhão de pessoas. Então, pensando através dessa perspectiva, quais seriam as possibilidades de eu encontrar na fila uma pessoa que conhece não somente uma amiga minha, mas alguém que ia encontrar em Boracay?

Bom, depois de mais de seis horas (desde que chegamos ao aeroporto, NAIA 4, em Manila), chegamos, finalmente, ao hotel, localizado na Station 1.

Como disse, a praia estava lotada. Sabia disso porque não havia quase vagas disponíveis nos hotéis do Agoda, minha bíblia de bookings de hotéis nas Filipinas. Ficamos em um hotel classificado como 7,5 porque era o único com classificação acima de 7, beach front (pé de praia).

O Sea Gaia Dive Resort, localizado na Station 1, é voltado para o mergulho, mas de resort não tem nada. Aliás, esta é uma palavra amplamente usada nas Filipinas sem que o hotel carregue o conceito de resort, com piscina e acomodações de luxo. Acho que eles acreditam que é simplesmente o sinônimo de acomodação. Enfim… De qualquer forma, o sushi servido pelo restaurante do hotel era fresco e bem típico japonês. O sushi de atum estava delicioso e o ramen ajudou a nos animar da longa viagem.

O fim de semana foi ótimo. Passei um tempo com minha amiga e co-blogueira (afinal, escrevemos um texto juntas) conversando muito. Assunto nunca falta para duas almas semelhantes. Bom, a verdade é que eu e a Chris já falamos muito, em dias normais. Ao juntar as duas, era assunto infinito.

Trotamundos meet China na Minha Vida: eu e Chris Marote! <3

Trotamundos meet China na Minha Vida: eu e Chris Marote! ❤

Boracay continua linda e com restaurantes ótimos. O Cozina, um novo restaurante espanhol que fica no novo hotel boutique Zuzuni na Station 1, foi uma agradável surpresa. A cozinha é dirigida pelo chef Jordi Pacheco que trabalhou no Barcinos, em Greenbelt, Makati. Eu o conheço, mas encontrá-lo foi mera coincidência: estava eu, frente à praia, tomando meu café da manhã quando ele passa por mim… Realmente, esse fim de semana foi de acasos…

Pedi huevosrotos (uma espécie de ovos mexidos com batata e algum embutido; no caso, era chorizo espanhol), pães caseiros e meu amado café. Estava tudo muito bem feito.

Com tudo que oferece Boracay, no entanto, a coisa mais incrível continua sendo o (maravilhoso) inesquecível pôr do sol. Dependendo de como está o céu, ele muda, mas é sempre de tirar o fôlego. O melhor? Esse espetáculo da natureza é de graça!

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5 comentários sobre “Boracay: o Fim de Semana de Coincidências

    • Manoel, desculpe não ter respondido antes!!! Eu adoro que você lê meus textos! ❤ Cara, eu AMO a Chris Marote e foi ótimo o dia que passamos juntas em Boracay – ela de disco novo! Haha!

      Beijos!

  1. Tati, o mundo realmente é um ovo… a gente que acha que ele é grande! hahaha. E sobre falar, você foi bondosa, até porque havia acabado de trocar dois discos, tudo zerado… podia falar à vontade!!! hahaha.
    Manoel, você é suspeito para fazer elogios a nós!!! hahaha.
    Beijo, amei!
    Ah, e acabamos publicando posts em nossos respectivos blogs, incluindo uma a outra, sem combinar, no mesmo dia! Vai ter coincidência assim lá no Brasil… (pq na China eu já estou, né?) hahaha

  2. Pingback: Viagens: Bais e Bohol – de Golfinhos a Tarsiers | Trotamundos

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