O Sono dos Justos nos Lugares Injustos

Todas as vezes que descrevo experiências em táxis em Manila, eu acredito que será a última. Afinal, sou positivista e acredito todas as vezes que nada mais pode acontecer comigo… Já entrei em táxis com baratas (um era tão velho que, enquanto eu chutava a porta para afastar a barata, me questionava quantos chutes faltavam para que meu pé saísse pelo outro lado), já tive discussões com taxistas sobre os caminhos, já os ameacei de morte… Enfim, quando achei que TUDO já tivesse acontecido comigo e o assunto estive esgotado, passo por uma nova experiência.

Ontem, pegamos o táxi no ponto em frente ao meu prédio. O táxi era bem velho, com o trinco de uma das portas quebrado e algo que caía de uma das janelas. Aliás, quando digo “táxi velho”, acho que poucas pessoas entendem o que realmente quero dizer. Táxi velho quer dizer, literalmente, caindo aos pedaços, como se ele rogasse por ser jogado em um ferro velho e ter uma aposentadoria/morte descente. Embora o exagero faça parte da minha personalidade, juro que, desta vez, não é.

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Samal e Davao

Em todos os meus anos de trabalho que já passam os dois dígitos, o recesso entre o Natal de 2013 e o Ano Novo foi o primeiro que tive em minha vida. Super feliz, tinha planejado passar um Natal-sem-ser-Natal em Hong Kong e o Reveillon sem cara de Reveillon em Shanghai, com minha amiga Chris Marote, de China na Minha Vida.

Como o “destino” não quis (isso é, a imigração filipina ainda não liberou meu visto de trabalho nem meu passaporte), tive que planejar uma viagem pelas Filipinas. Porque, em toda a vida, ninguém merecia ficar o primeiro recesso de dez dias, entre as festas de final de ano, em Manila.

Davao é uma cidade que fica na região de Mindanao, ao sul das Filipinas. A sua região metropolitana é a terceira maior do país, em quantidade de população, e a maior em extensão territorial porque é uma cidade sem os arranha-céus que há em Manila. Em resumo, ela é um monstro.

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O Fatídico Graveyard Shift: como trabalhar pelas noites está me afetando!

Eu sempre trabalhei em escritório. E, quando pensamos em trabalho em escritório, pensamos logo em trabalho das 9:00 às 18:00h, com uma hora de almoço certo? Bem, pelo menos era assim que pensava até vir para as Filipinas.

Aqui, os turnos em escritórios são divididos em três: o day-shift (tradicional), o mid-shift (que começa após o meio-dia) e o fatídico night-shift, também conhecido por graveyard shift (turno do cemitério, em uma tradução bem literal) simplesmente porque, passados alguns meses, a maioria das pessoas que trabalham nesse turno se tornam zumbis ambulantes, com olheiras negras que descem até o chão. Algumas companhias oferecerem uma coisa que chamo de swift-shifts, ou seja, parte do mês se trabalha em um turno e parte em outro (uma semana por mês se trabalha no graveyard shift, por exemplo, e o resto no mid-shift).

Isso acontece porque, como comentei em meu texto Emprego e Oportunidades para o Brasileiras pelo Mundo, além da presença de calls centers, muitas companhias estão trazendo seus departamentos de finanças (ou os terceirizando) para a Ilha de Lost por economia e para padronizar processos. E, na maioria das vezes, isso quer dizer que temos que trabalhar no mesmo horário que o território ou, pelo menos, coincidir com o departamento de finanças dos locais que atendemos em algumas horas.

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