De repente, quando o Trotamundos se tornou quase uma referência sobra as Filipinas, eu decido fazer as malas e voltar para o Velho Continente. Caros, me entendam… O objetivo em morar nas Filipinas nunca foi passar toda a minha vida na Ilha de Lost: o objetivo final sempre foi voltar para a minha Europa querida, para o Velho Continente.
Meu amor por essas terras cuja história se entrelaça tanto com a nossa própria é antiga. Meu relacionamento com o Velho Continente data de uma época anterior ao euro, na qual os países ainda comercializavam em liras italianas, pesetas espanholas ou marcos alemães. Ou, talvez, esse relacionamento seja ainda mais antigo, de outras vidas. A verdade é que esse continente, com suas histórias de rei, rainhas e confabulações, a sua pluralidade cultural em um espaço tão pequeno e sua herança artística sempre me fascinou.
Aceitei o trabalho nas Filipinas, como local e não expatriada, porque em 2010 não havia oportunidades de emprego na Europa: a crise econômica tinha recém estourado e, mesmo com um visto que me permitisse trabalhar tempo integral na Irlanda, não conseguiria trocar de emprego. Como precisava adquirir experiência em multinacionais, fui ao Grande Desconhecido, ou seja, para a Ásia, e ver o que ali encontrava.
O plano original era ficar apenas um ano, adquirir experiência e voltar. Mas planos mudam – essa é uma das belezas da vida – e acabei passando quase cinco anos de minha vida na Ilha de Lost, na minha prisão particular. Afinal, a Ilha de Lost era, para mim, como La Catedral era para Pablo Escobar (se nota que fiquei viciada em Narcos! Hehe!): um mundo paralelo, como descrevi em Vou-Me Embora para Manila.
Viajei, conquistei meu espaço e conheci muitas pessoas. Fui a lugares que jamais pensei que iria – afinal, sempre estiveram tão longe. Aprendi muito, sobre o mundo e, acima de tudo, sobre mim mesma. Fiz coisas que nunca imaginei que faria e mudei, outra vez, ideias preconcebidas que tinha do mundo e de como ele funcionava. Sobretudo, construí um curriculum forte que me ajudaria a voltar a Europa.
Mas chegava o momento de decidir: se quisesse voltar, tinha que ser naquele momento ou teria que começar a planejar um futuro nas Filipinas. Então, com um pouco de dor no coração, fiz o que tinha que ser feito: entreguei minha carta de demissão, fiz as malas e comprei o bilhete só de ida para o destino dos meus sonhos, para o país onde tenho intenção de ficar pelos próximos anos da minha vida. Dessa forma, voltei para a minha Espanha querida.
Embora odiasse quando os locais começavam a conversar comigo em filipino, embora muitas vezes tivesse vontade de ser como Michael Douglas em “Um Dia de Fúria” e cometer filipinocídio (termo adaptado do chinocídio, inventado pela Christine Marote de China Na Minha Vida), haverá um momento que sentirei saudades da Ilha de Lost e de tudo que vivi. Embora meu relacionamento com Manila tenha sido sempre bastante tenso, agradeço a todos os momentos que ali vivi porque eles me transformaram no que sou hoje. Conheci pessoas que podem ter aparecido na minha vida por acaso, mas que ficaram por amor. Descobri o prazer em correr e como essa atividade aliviava as tensões que vivia no dia-a-dia. Conheci parte da Ásia, desse continente desconhecido, passei momentos de lazer maravilhosos em lugares paradisíacos e fui bastante feliz. Enfim, na Ilha de Lost, eu vivi. E sou grata a cada um desses momentos, tenham sido bons ou ruins… Afinal, todos os conceitos são relativos já que todas as coisas pelas quais passamos são lições nas nossas vidas.
Agora começa um novo capítulo da minha vida. E, como não escrevi o suficiente nesse ano, minhas experiências sobre a Europa serão intercaladas por experiências de viagens e vida na Ásia. Porque assim é a minha vida: ela é uma mistura de tudo, afinal sou resultado de todas as experiências que vivo e vivi. E isso é uma das coisas que me transformou em uma Trotamundos!
Olha só quem aparece aqui, novamente eu pra enxer o saco kkkkk
Tati, é totalmente incrível esses seus relatos, fico muito animado só de ler as coisas que você posta e quase 5 anos, é tempo pra caramba hein, se eu fosse pra Bohol, não sei se deixariam eu voltar! =P
Infelizmente não tenho muito o que comentar como um grande texto mas quero lhe desejar MUITA, MAS MUITA BOA SORTE nesse novo re-começo!
Você certamente será super bem vinda onde pisa, com essas simpatias que você então nem se fala!
Acho muito interessante os tracadilhos que você insere nos textos também (Narcos, Filipinocídio, entre outros) kkk
A vida é para ser vivida! \o/
Beeeeijos e super mega ultra boa sorte!
PS: Esses chemtrails e esse pôr-do-sol são MAGNÍFICOS! *-*
Oi Thomas! Adoro ler seus comentários! =) Obrigada pelos desejos e pelos elogios! Fico super feliz!!!
Cara, cinco anos é muito tempo… Foi bem legal enquanto durou, mas também foi um tempo de bastante aprendizado e alguma dor… Porque sempre há um pouco de dor em tudo na vida!
Para ser sincera, roubei o termo filipinocídio da minha amiga e co-blogueira Christine Marote! Bom, adaptei o termo chinocídio que ela usa porque conviver com asiáticos pode ser bem complicado… Bom, conviver com gente é complicado! Hahahaha!
Essa foto das Albufeiras de Valência foi tirada há quase cinco anos, quando morei na Espanha por seis meses, em um projeto… Quando vimos como estava o céu, saltamos do carro com câmeras e celulares nas mãos. Valência me rendeu boas fotos naqueles dias! =)
Um super beijo! E, como disse, vou tentar fazer uma mistura de posts de Europa e Ásia! Acho que vai ser uma fusão interessante!
Ahhh querida Tati,
Só posso te desejar o futuro mais maravilhoso do mundo. Que sua garra e vontade de crescer persistam e te motivem para ir adiante.
Toda a mudança tem o lado triste, chato, mas tem o lado mágico, intrigante e que nos faz ‘correr atrás da bola’, para não deixar a peteca cair…. epa… acho que misturei os jogos, mas tudo bem, que sei que vc entende meus devaneios.
Como já fui te visitar na Terra de Lost, com certeza vou na Espanha. Me aguarde para brindarmos essa nova etapa da vida…
Sucesso e felicidade!
Força para aguentar os trancos e, pricipalmente, entusiasmo pelo que vai chegar.
Beijo
Marote, minha amiga tão amada!!! Meu, vou confessar que há dias que tenho muito medo! Hahahahah! Sou meio cagona! 😉 Mas, como diz a minha mãe, quando uma decisão é feita e o coração segue tranquilo, é porque aquilo estava correto… Meu coração segue tranquilo a maior parte do tempo!
Guardarei um Rioja e um Ribera del Duero para que você escolha como será o brinde! E será genial, você verá!
Te amo, sua louca! ❤
Boa SAga!!
Olá Danielle! Muito obrigada pelos seus votos! =) Uma Trotamundo como eu segue o seu coração e não pode ficar confinada muito tempo contra sua vontade… =) Meu tempo nas Filipinas acabou, mas as lembranças ficam sempre! Um beijo
Adorei suas fotos das Filipinas, dentre outras. Tenho um amigo filipino que reside nos EUA e em visita ao Brasil neste mes de novembro de 2015 tive o prazer de mostrar-lhe essas fotos. Desnecessário dizer que ficou maravilhado e orgulhoso da divulgação das belezas naturais de seu país, tão bem retratadas e descritas por você. Um abraço. Celso E. de Oliveira, São Paulo, Brasil.
Olá Celso,
Muito obrigada pelo seu comentário e pela divulgar as minhas fotos! =)
As Filipinas são um país muito bonito, cujas belezas naturais impressionam. Hoje, não vivo mais lá, mas espero que você continue seguindo o Trotamundos – ainda que hoje ele esteja de “férias”, mas prometo voltar a escrever em breve!
Um beijo!
Tati quantas lembrancas näo é? Elas säo bagagens de experiências de vida e realizacöes. Mesmo quando säo boas ou ruins näo é mesmo? E pelo que te acompanho, pois tudo parece na sua vida um aprendizado cheio de aventuras e também sérias.
Nossa isso näo säo bagagens? Säo frotas de aviöes com bagagens inesquecíveis!!!!!
Você tem muito medo??? Näo acho!!!!!!
Você tem é muita coragem e positividade!!!!!!!!!!!
Te admiro pelo seu jeitinho natural e simples de ser.
Que venham muitas outras lembranc,as maravilhosas em sua vida e seguirei te acompanhando.
Um abrac,o com carinho.
Rosinéa
Oi Rosinéia! Que comentário mais lindo! Muito obrigada por acompanhar o Trotamundos e ler minhas aventuras.
Todos os momentos da minha vida têm sido experiências incríveis carregadas de aprendizado. Acho que quando saímos dos nossos ninhos, há um momento que nos transforma ou nos quebra (make it or break it, como se diz em inglês) e acho que podemos nos tornar mais humildes ou deixar a nossa arrogância derrotar a nós mesmos.
Há momentos que chorei – seja de raiva, seja de dor -, mas isso não quer dizer que desisti. Sou grata por tantos motivos e por ter pessoas que torcem pelo meu sucesso, mesmo eu não conhecendo-as! Acho que você é uma delas e sou grata pelo seu apoio! =)
Tenho medo sim, mas acho que sempre há um momento de loucura em que simplesmente jogamos tudo para cima e pensamos “ou vai ou racha”. Acredito muito em jogar os pedidos para o Universo e deixar ele entregue – assim como faríamos com o FEDEX – e também acho que tudo acontece no momento certo. Tenho medo sim, mas, quando ele bate, acho que temos que seguir em frente assim mesmo!
Obrigada outra vez! Prometo voltar a escrever para o Trotamundos!
Um beijo!
Tatiana, tudo bom? Gostaria de uma dica, pra saber se visitar este destino nos meses entre agosto-outubro é muito complicado por conta das chuvas. Tenho um projeto onde visito ilhas do mundo explorando de stand up paddle (remadas e documentação da cultura local). Gostaria muito de passar por este arquipélago, mas só tenho disponibilidade nestes meses. Muito arriscado para quem pretende ficar preferencialmente nas praias? Obrigado
Olá Roberta, desculpe a demora em responder sua mensagem. Como a temporada de chuvas no sudeste asiático vai de junho a novembro, mais ou menos, eu consideraria arriscado. Já viajei nessa época e o tempo estava bom, mas é um risco. A melhor época é de novembro a março.
Um abraço e obrigada por acompanhar o Trotamundos! 😊