A última viagem que fiz – e a primeira de 2015 – foi para o Japão. Sou sansei, isso é, sou neta de japoneses e essa visita foi muito mais que um passeio turístico; pessoalmente essa viagem foi uma espécie de “Comer Rezar Amar” express que ocorreu em dez dias em um só país. Foi volta às minhas origens e um resgate do meu eu, intercalado por um roteiro gastronômico incrível. Acredito, portanto, que não serei capaz de escrever todas as minhas sensações, dar dicas gastronômicas e ainda passar o roteiro que fiz em um só post: vou escrever muito e, muitas vezes, vou precisar procurar as palavras corretas para descrever tudo que senti.
Eu tinha grandes expectativas quando agendei minha viagem. Sendo descendente de japoneses, a curiosidade por conhecer a terra de onde vieram meus avós, que só nasceu quando assisti a “O Último Samurai” de Edward Zwick, vinha crescendo. Eu sabia que era uma viagem que não poderia fazer em um só fim de semana ou mesmo em um feriado prolongado – como poderia chegar a Nagasaki, que fica a 15 horas de Tóquio, e ainda conhecer Kyoto e a capital? Para isso, precisaria de pelo menos dez dias…
Agendei a viagem para começo de maio, como um presente de aniversário. Quem me conhece sabe que amo viajar, mas sou um desastre quando se trata de planejar uma viagem a médio ou longo prazo; como nunca sei quando poderei tirar férias, acabo deixando os planos para a última hora e, muitas vezes, isso acaba saindo mais caro… Enfim, estava decidida a conhecer a Terra do Sol Nascente em 2015 e como viajar em abril estava fora de questão por ser um dos peak seasons, acabei por não ver as cerejeiras em flor – um espetáculo. Paciência. Não tenho problema algum em agendar outra viagem para esse país maravilhoso!
Quando se viaja só, sem agentes de viagem, acho importante pensar em um roteiro inicial embora ele possa ser adaptado, segundo as coisas que acontecem. Assim como na vida, os planos de uma viagem, em minha opinião, não podem ser rígidos demais que impeçam adaptações. Como comentei, queria conhecer, no mínimo, Tóquio, Kyoto e Nagasaki, região de onde era a família da minha mãe. Com isso em mente, pensei em pegar um voo que chegasse em Tóquio e outro que partisse de Osaka, cidade vizinha a Kyoto (bom, uma hora em shinkansen, o trem bala). Como os preços das passagens subiram demais, a opção mais barata seria chegar e sair por Narita, o aeroporto principal de Tóquio.
Comecei a então planejar o roteiro que teria que incluir Kyoto, na província de Kansai, e Nagasaki, em Kyushu. Viajar dentro do Japão pode sair bem caro: só o trajeto de Tóquio a Kyoto por shinkansen, ida e volta, sairia por volta de JPY 26,000.00. Ao pesquisar na internet e conversar com amigos que já haviam estado lá, descobri que para mim seria muito vantajoso comprar o Japan Rail Pass, conhecido como JR Pass. Esse passe, que só pode ser comprado por turistas e japoneses não-residentes, tem duração de 7, 14 ou 21 dias corridos e só pode ser adquirido fora do Japão em alguns agentes autorizados. Ele cobre a maioria dos trens da maioria das linhas no Japão (os trens Nozome e Mizuho estão fora e se deve pagar uma tarifa adicional para o uso dos trens noturnos). O seu preço varia segundo a quantidade de dias: o passe de 7 dias custou pouco mais de JPY 29,000.00, equivalente a pouco mais de USD 290.00. Para maiores informações, acessem o site aqui.
Mas esse não é o único método de se viajar pelo país; há passes regionais que cobrem os trens em determinadas províncias e, dependendo do que se quer conhecer, comprá-los vale mais a pena que investir em um JR Pass. Se, por exemplo, a intenção for conhecer somente cidades na província de Kansai como Kyoto, Nara e Kobe, por exemplo, talvez valha mais a pena pegar um ônibus noturno de Tóquio e comprar o Kansai Thru Pass ou o Kansai Area Pass. (#DicaDeViagem!) A verdade é que se tem que pesquisar um pouco antes de começar a viagem que, idealmente, deve ser planejada.
Com o JR Pass em mãos, baixei um aplicativo chamado Japan Trains que me permitia saber que trens deveria pegar para chegar de uma cidade a outra. Nesse momento, descobri que não havia trens diretos de Kyoto a Nagasaki e tampouco de Nagasaki a Tóquio; entre Kyoto e Nagasaki, teria duas trocas de trens – em Hiroshima e Hakata – e de Nagasaki a Tóquio teria que trocar outras vezes de trem e uma das paradas seria Himeji, uma cidade que tem um dos castelos japoneses melhores conservados do país.
Para completar, também baixei três outros aplicativos – essa era de smartphones é ótima: o booking.com, que me permitia reservar hotéis e pagá-los só no check in, um dicionário com frases básicas em inglês/japonês e um guia offline chamado GuideWithMe Japan porque não sabia quando – e se – teria acesso a internet. O dicionário que escolhi deveria ter a frase em inglês, a sua tradução para o japonês em alfabeto romano e a sua versão em kanji ou katakana para que mostrasse às pessoas caso elas não entendessem minha pronúncia.
Pronto, o roteiro e o planejamento estavam completos. Era hora de descobrir o que me reservava a Terra do Sol Nascente…