Essa é a primeira e única vez que vou me manifestar sobre o grande evento político chamado “Eleições Presidenciais” (claro, amanhã saberemos o resultado e não haverá mais sobre o que falar). Hoje, domingo, dia 26 de outubro, em todo o Brasil, ocorre o segundo turno de uma das eleições mais acirradas de todos os tempos.
Adoraria ser dramática e dizer “hoje é o dia que decidiremos o futuro do nosso país”, mas não posso por questões de princípios: 01-) não voto desde que saí do Brasil, há mais de sete anos; 02-) pessoalmente, não acredito que vá haver mudanças radicais, independente de quem ganhe.
Li alguma coisa a respeito das eleições, mas uma das coisas mais interessantes que li sobre esse tema foi no blog do Estadão no qual Julia Duailibi comenta sobre o comportamento dos eleitores e diz que Dilma e Aécio não são tão diferentes como muitos querem acreditar: “nem Dilma é tão de esquerda; nem Aécio tão de direita”. No fundo, a direita pão-com-ovo e a esquerda caviar não são tão diferentes assim, não importa o quanto as pessoas queiram acreditar nisso.
Acompanhei o último debate pela timeline do Estadão e ri muito com a troca de farpas. Para quê apresentar planos de governo e desenvolvimento econômico se o povo pode ser entretido uma briga que, aparentemente, só faltou ser física? Entre a voadora de um e o mortal de outro, tudo em palavras, o que lia me lembrava muito a uma briga de crianças no qual um acusa o outro de ser mais malvado… Frases como “o seu partido roubou” com resposta “o seu também” me fizeram recordar a brigas que tinha com a minha irmã quando éramos mais novas.
Nenhum dos dois tinha que meter o bedelho em temas de corrupção porque ambos têm o rabo preso em algum canto. Acho que o Mensalão do PT sujou o vermelho da estrela e desiludiu muita gente que acreditava que o partido seguia seus princípios, assim como deu munição a todos os que apoiavam o PSDB para que acusassem Lula e seus companheiros de hipócritas. Mas também acredito que nenhum PSDBista tem o direito de acusar o PT de corrupto quando o PSDB tem o rabo preso naquilo que ficou conhecido como o Mensalão Tucano. Mas todo mundo atira pedras para todos os lados, não importa a quantidade de cadáveres que tenha em seus armários… Bem, sempre se pode jogar a culpa em Marcos Valério!
Embora tenha escolhido viver fora de meu país, torço para que o melhor aconteça. Honestamente, não sei o quanto tudo pode mudar porque acredito que, no fundo, o PSDB e o PT sejam apenas fachadas, máscaras sob as quais políticos de outros partidos realmente governam o Brasil. Infelizmente, na vida política, nenhum partido governa sozinho; ele precisa de alianças para que possa se fortalecer e o PT aprendeu o jogo bastante bem (o PSDB já o conhecia). E, infelizmente, dinossauros e sanguessugas como o PMDB e outros partidos com menos representantes carismáticos, mas ainda assim bastante fortes, são aqueles que realmente governam o país.
Vejo o PMDB como os Lannisters, na época de Robert Baratheon, em Game of Thrones: embora não seja a cara do poder, é de fato quem governa. E, como comentou uma pessoa na timeline de uma amiga, infelizmente, enquanto isso não mudar, não importa quem estiver no poder, nada vai ser diferente. E isso só mudará no momento que todos nós tivermos consciência de que votar para cargos de vereadores, deputados e senadores é tão importante quanto votar para cargos de prefeitos, governadores e presidentes. Afinal, só se pode governar com alianças. E isso só vai começar a acontecer no dia que o direito de votar deixar de ser uma obrigação imposta, mas um direito a ser exercido.
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