Esse Mundial vai me matar. Pronto, falei! Sei que trabalho no graveyard shift e, portanto, as 11h de diferença que levamos do Brasil não deveria me afetar. Considerando que meu dia começa, nos fins de semana, às 20h da noite de sábado (geralmente… Tem dias que passo o sábado dormindo), acordo e tomo um café enquanto todo mundo está jantando com suas taças de vinho nas mãos. Sou meio a estranha do grupo, mas tudo bem. É que, hoje em dia, ando meio invertida…
Bem, a Copa não vai me matar pelo fuso, mas sim pelo que está acontecendo, no campo e na minha vida. Em Manila, não costumo andar com brasileiros. Sei lá… Meus amigos pertencem à diversas nacionalidade e frequentemente estou em mesas que parecem reuniões da Nações Unidas em um bar. Então, no fim, acabo tendo amigos espanhóis (por supuesto!), mexicanos (ui, que jogo horrível o Brasil fez na primeira rodada contra eles!), colombianos (os próximos), franceses (há! Esse jogo seria mortal) e até de nacionalidades cujos times não estão na Copa, mas apoiam outros times… Somos uma salada mista!
E no campo? Juro… Quando a Copa começou, não confiava no time que temos porque não o conhecia. E, vamos ser honestos aqui: apesar de o Brasil ter ganhado com dois belíssimos gols de Neymar (o legal) e de Oscar, o pênalti foi mal marcado e o Marcelo não tinha nada que meter aquele pé naquela bola, a não ser que ele tenha Transtorno Obsessivo-Compulsivo e não possa ver uma bola sem chutá-la. E depois veio o jogo (horroroso) contra o México…
Não vi o jogo contra Camarões, mas a partida contra o Chile foi nervosa. Assisti ao jogo por trás das linhas inimigas, em um resto-bar francês chamado Le Cafe Curieux, em Makati (lugar incrível por acaso!), rodeada pelas Nações Unidas: tínhamos dois espanhóis, um colombiano, uma peruana, um americano, um mexicano, um filipino, um francês só na minha mesa ou ao meu redor (pessoas que eu conhecia de outros carnavais ou de outros jogos). Um conhecido indiano também estava lá e acabei encontrando duas brasileiras perdidas em Manila que estão fazendo mochilão pelo mundo. Aliás, que mega-coincidência: falava com uma delas sobre o fato que precisava escrever sobre o que acontecia e ela me pergunta se tenho um blog. Eu respondo que sim, mas que também escrevia para outros blogs e publicações. Então ela pergunta: “você conhece o Brasileiras pelo Mundo?”. “Gata, eu sou a correspondente das Filipinas do BPM!”, respondo. “Ah, você é a menina que nem sabia onde eram as Filipinas quando veio para cá?”. Exato. Essa sou euzinha…
Minha amiga peruana e eu quase tivemos um infarto. Sério mesmo. Em todos os “quase-gols” e faltas de finalizações do Neymar & companhia, eu gritava como se fosse explodir meus pulmões e minha visão escurecia ligeiramente (quase morri com o gol anulado do Hulk). Sou exagerada, mas isso não é exagero: é muito sério. Eu já não tinha estrutura emocional durante a prorrogação e quase morri quando o jogo foi para os pênaltis. Meus amigos olhavam para a minha cara e riam. E aqueles que duvidavam da minha nacionalidade, aprenderam (ou ouviram) que era brasileira. Com todo o meu coração e pulmão, por assim dizer.
Agora faço parênteses. Entendo quando dizem que seria melhor, economicamente, se o Brasil não ganhasse a Copa. Sei que o país deveria investir mais em educação e, caso o Brasil ganhe, milhões de crianças pessoas continuarão achando que o futebol é a solução para todos os problemas do país e não é. Sou contra a política do pão e circo, mas, pessoalmente, não consigo assistir a um jogo da seleção sem torcer, com toda a minha alma, pela minha seleção. Sou brasileira. Muito. E com muito amor, embora tenha saído do país há vários anos…
Então… Sobre o jogo contra o Chile, tive várias taquicardias. Eu sei! A louca… Eu dizia para a minha amiga peruana: “você tem o telefone do Jorge, não? Porque, se acontece algo comigo, pelo menos você pode avisá-lo!”. Eu tremia… E gritava…
O nervoso de uma decisão, nas oitavas de final, por pênaltis foi horroroso. Júlio Cesar, o deus, salvou a pátria em duas defesas brilhantes. Vamos convir que defender pênaltis não deve ser nada fácil e Júlio Cesar conseguiu defender não somente um, mas dois! Incrível! #JulioCesarMeuHeroi #JulioCesarEuTeAmo
Quando o Neymar cobrou, tremia… Achei que ele fosse errar. Mas ele fez o gol! E, finalmente, com uma ajuda dos nervos do jogador chileno, o Brasil ganhou. Eu gritei como se fosse a final. Eu pulei. Eu gritei mais. E pulei no colo de um amigo. E gritei “we are on the quarters!”. Estamos nas quartas!
Trocamos de bar. Fomos ao Chupacabra (diz que esse nome não é ótimo?) comer tex-mex (porque comida mexicana de verdade só no México) e alguns amigos foram embora. Entrei no Heckle & Jeckle para assistir a Colômbia x Uruguai com meus amigos colombianos.
Tinha dito ao Jaime (meu amigo colombiano que parece o Sylvester Stallone) que Colômbia ganharia, agora que Suaréz tinha sido expulso. Bom, particularmente, acho que ele deveria passar por avaliações psicológicas profundas porque não é normal que se morda um adversário durante a partida. Enfim, como tinha me dado o subidón, me deu o bajón e meus músculos começaram a doer…
Agora, no próximo fim de semana, serei eu contra eles… Haha! Bom, a única certeza é que com eles eu não vou assistir ao jogo. No fim da partida, talvez, possamos nos encontrar… Mas vai ser outro jogo nervoso porque a Colômbia vem crescendo como time…
Bom, ainda me resta uma semana de vida normal. E que venham outros jogos!
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Foi otimo torcer com você!!!mas já estamos em Bali!! Bjo
Oi Nadja!!! Foi ótimo mesmo! Adorei conhecê-las!!! Um beijo e aproveita a Indonésia! Beijos!