As coisas na minha vida estão acontecendo a uma velocidade impressionante. Tudo está acontecendo com tanta rapidez que não tenho capacidade de absorver tudo e entender, racionalmente, tudo que acontece ao meu redor. Acho que isso é bom porque minha cabeça e eu estamos tão ocupados que os monstros não têm tempo de brincar com o que está acontecendo: quando chego em casa, deito e desmaio.
Agora, só consigo sentir. Não consigo nem enxergar porque a minha vida, nesse momento, parece o meu quarto quando volto de um shopping spree, daquelas promoções de final de temporada cujas roupas, sapatos e acessórios chegam a 70% de desconto: tudo está jogado em cima de todos os lugares, as sacolas estão espalhadas e eu não faço idéia do que comprei. Simplesmente sei que comprei e que estou muito feliz por ter tudo aqui.
Talvez seja melhor assim. Racionalizar as coisas, racionalizar sentimentos só fazem com que criemos monstros nas nossas cabeças que nos fazem hesitar. Ficamos com medo. Bem, eu fico com medo.
Engraçado, né? Quando somos crianças, não temos medo. Vamos ao parque de diversões e, embora tenhamos frio na barriga quando o carrinho da montanha-russa despenca do ponto mais alto, simplesmente gritamos com toda nossa alma pela sensação de liberdade. Quando vamos ao parquinho, pedimos aos nossos pais que empurrem o balanço até atingirmos alturas inimagináveis: afinal, queremos sentir o vento em nossas caras e a sensação de voar. Não temos medo; quem tem medo são eles. O nosso medo vem depois.
Se somos tão corajosos quando crianças, como nos tornamos tão medrosos quando adultos? Será que aprendemos a ter medo?
Um dia, simplesmente, vamos ao parquinho e nos sentamos no mesmo banco do mesmo balanço. E, de repente, temos medo de nos impulsionar e atingir as alturas inimagináveis. Temos medo de cair e quebrar um braço. Temos medo de nos machucar. Mas… De onde vem esse sentimento? Se cairmos e quebrarmos um braço, será só a ruptura de um osso que logo se cicatrizará…
Não digo que seja a pessoa mais corajosa que eu conheço; não o sou. Tenho medo de um monte de coisa, desde sapos (medo inexplicável) até medo de alturas. Tenho vários medos inexplicáveis que poderiam ser usados de desculpa para eu passar a vida enrolada em um cobertor, na minha cama. Mas, se eu não tiver que entrar em um aquário lotado de sapos, tento enfrentar meus medos. Ou tento fazer com que os medos e ansiedades não tomem conta de mim.
Aprendi a me focar no presente quando sinto a ansiedade às minhas portas. Me foco no agora de uma forma quase obsessiva, como se não houvesse o amanhã. Porque, o amanhã não existirá para milhares de pessoas que estão vivas hoje. Então, por que viver um dia que não existe em detrimento de um que sim, existe? Por que pensar na sensação que é ter o sol queimando sua pele se podemos sentir a fria brisa do vento, nesse momento, brincando com sua pele? Por que querer o que não se tem quando o que se tem é tão valioso?
Acho que lidar com medos é uma questão de confiança. Já disse que não sou uma pessoa livre de medos: eu os enfrento (desde que sapos não façam parte disso). Aprendi que todas as vezes que caí foram porque tentava, de alguma forma, assegurar que não iria me machucar. Todas as vezes que as coisas não deram certo foi porque, de uma forma metafórica, amarrei cordas em minha cintura para que não caísse, se não conseguisse chegar ao outro lado do penhasco durante o meu salto. Queria assegurar-me que eu ficaria bem.
E essas cordas, ainda que elásticas, não me deixavam chegar ao outro lado. E, em momentos de “quase” cheguei ao outro lado, terminava pendurada ao meu passado por cordas que não permitiam que me movesse.
Então, aprendi que devemos, muitas vezes, dar o salto da fé (o leap of faith) e simplesmente acreditar, ainda que não possamos ver o que existe do outro lado, que vamos conseguir completar o salto. E que, de repente, do outro lado, alguém pode estar lá para segurar a sua mão. E funciona!
Sem as amarras ao passado, descobri que não importa o que aconteça, chegamos a outro lado. E, não importa o quanto nossos demônios trabalharam para nos assustar, ter completado o salto, ainda que com muito medo, foi a melhor atitude que podia ter tomado. E aquele salto incrível mudou a minha vida…
É… Acho que sou uma pessoa de medos inexplicáveis e coragens absurdas. Porque, às vezes, tudo que precisamos é de alguns segundos de uma coragem insana e simplesmente nos jogar. Algo vai nos segurar e temos que ter fé nisso.
“I could almost go to pieces… But I’m not quite there yet!“
Trotamundos by Tati Sato is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
Based on a work at https://tatisatotrotamundos.wordpress.com/”>
É Tati, 90% das vezes é assim mesmo. Temos tanto medo, e esse medo nos segura por um tempo absurdo, e ai quando não há mais alternativa, soltamos as tais amarras e… conseguimos atravessar o medo, o desconhecido. Aí percebemos que o novo nem é tão diferente, que aquilo nos tornou mais fortes e, a parte mais intrigante: nos perguntamos pq não fizemos isso antes! Mas… ainda acredito que tudo tem a sua hora. Mesmo a criança se faz uma coisa que não está preparada e se machuca (pode ser no sentido figurado também), provavelmente ela vai ter mais dificuldade para tentar de novo, pois iniciou o processo de ‘medo’. Ela sabe o que poderá acontecer se der errado!rs
E assim caminha a humanidade…
Agradeça a Deus sempre por vc ter esses ‘medos’ e nem assim desistir de tentar, de se aventurar, de ter fé e questionar vc mesma. Isso é o processo de maturidade, de aprendizado e crescimento pessoal e até espiritual. E é continuo, não há tempo ou limite para terminar. Continua com seus ‘saltos de Fé’. Eles nos impulsionam e nos fazem mais fortes.
beijo ❤
Oi Chris, minha linda… Obrigada! Mas nem sempre é fácil, não? Quero dizer, fica mais fácil com o tempo, mas muitas vezes escolhemos um caminho sem muitas pedras por medo de cair (e olha que uso salto então, se eu caminhar em terreno irregular, vou arrebentar o joelho! Haha! Brincadeira)…
Sei que sempre acontece o melhor. Acho que se temos que lutar muito para que alguma coisa se realize, não é o momento ou não era para ser. As coisas tem que acontecer de forma fluída… Acho que é como a curva do rio… Sempre vou lembrar da história da curva do rio em Siam Reap. Quando o homem decidiu interferir, decidiu mudar a curva do rio, o rio começou a alagar a cidade. Então, de repente, não temos que interferir. Temos que ter um objetivo sim, mas devemos ser flexíveis em relação a como chegar nele…
Sim, ainda acredito nos saltos da fé! 😉 E, pouco a pouco, vamos todas realizando nossos sonhos!
Beijos