Seis Anos…

Hoje faz seis anos… Há seis anos, eu estava no aeroporto de Cumbica, em São Paulo, em prantos, com o coração partido, embora estivesse cercada por pessoas que amava e amo até hoje. Há seis anos, eu embarquei para a viagem da minha vida, para a viagem que mudou a minha vida. Há seis anos, eu deixei o Brasil e fui para Dublin.

É inevitável que hoje, muitas lembranças venham a minha mente. O quanto vi e o quanto aprendi. E o quanto ainda me falta por ver, viver e aprender. O quanto conheci, os lugares que fui, as coisas que provei, as dores que senti e as alegrias que vivi.

Muita coisa mudou. Mudei de país, mudei de cor de cabelo, mudei de guarda-roupa e mudei a cabeça. Conheci lugares incríveis, visitei Paris e perdi o fôlego com a Torre Eiffel iluminada, à noite. Bebi e ri pelas ruas de Barcelona, admirada com as obras de Gaudi. Chorei com a história da queda do muro de Berlim, me perdi pelas ruas de Amsterdam, caminhei pelas ruas antigas de Roma e vi a Capela Sistina. Naveguei pelo Mekong, conheci a Terra do Nunca (também conhecida por Halong Bay, em Vietnam) e conheci o templo de Tomb Raider no Camboja. Visitei paraísos, abracei tigres, me revoltei com a situação das tartarugas marinhas em Bali e presenciei amanheceres incríveis e pores-do-sol impressionantes. E as pessoas… Ah, as pessoas… ❤

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Nesse exato momento, a primeira coisa que vem à minha mente não são os lugares incríveis que conheci, mas as pessoas que cruzaram meus caminhos. Algumas delas acompanharam-me por um período dessa incrível jornada e seguiram seus caminhos. Outras continuam ao meu lado, dividindo minha vida e minhas experiências, na alegria e na tristeza. Há ainda aqueles que embora tenham seguido caminhos distintos dos meus, seguem presentes na minha vida. Porque algumas conexões, as de alma, são para sempre.

Aprendi que, de repente, algumas pessoas simplesmente não se encaixam na nossa vida, não importa o quanto queremos. Não que elas sejam boas ou más; isso não tem a ver com os encaixes porque somos todos, ao mesmo tempo, bons e maus. Acho que tem mais a ver com as combinações. Quero dizer, não podemos dizer que a berinjela seja má; ela tem boas qualidades e vitaminas. No entanto, ela jamais vai combinar com uma salada de frutas. Então, simplesmente, temos que deixar a berinjela partir…

Algumas vezes, encontramos combinações bombásticas. No meu caminho, encontrei pessoas que, a princípio, pensei que não tivéssemos nada em comum. E, de repente, quando nos conhecemos melhor, percebemos que tínhamos tanto em comum que a combinação era maravilhosa. Continuando minha metáfora culinária, diria que é como meu salmão com manga. Salmão e manga são duas coisas que, a princípio, parecem não combinar. Mas, ao arriscar um pouco, descobri gostos e sabores inusitados que me conquistaram e percebi o quanto poderia ter perdido se me houvesse deixado levar pelo preconceito.

Há ainda aqueles, os seres especiais, que simplesmente entram na nossa vida. Como arroz com feijão, são pessoas que encontramos pelo mundo e, antes mesmo de racionalizarmos, já sabemos que elas farão parte da nossa vida por um bom tempo porque, de alguma forma inexplicável, elas sempre fizeram. São aquelas pessoas que nos fazem sentir em casa, onde quer que estejamos. E, embora possamos passar semanas, meses ou anos sem notícias suas, quando nos encontramos, tudo volta a ser como era. Esses são os encontros de alma.

Por onde passei, deixei um pouco de mim e levo cada um dos lugares que estive dentro de mim também, assim como cada pessoa que conheci deixou um pouco de si em mim. Descobri que sou um ser mutante, uma metamorfose ambulante como diria Raul Seixas. Eternamente adaptável…

É… Uma das coisas que aprendi é que a única coisa constante na vida são as mudanças. E, de alguma forma, temos que nos adaptar a elas. Como uma boa taurina, não lido bem com isso: elas me deixam em um estado de tensão incrível. Mas quando percebo que vou entrar em pânico, foco no momento atual e tento não pensar no que será e no que estou deixando. Entro em modo automático e faço o que tenho que fazer. Porque as mudanças acontecem, elas têm que acontecer. O que temos que fazer é aceitá-las. É… Seis anos se passaram…

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