Sorte… Acho essa palavra um pouco aleatória para definir certos eventos da vida… Acredito que somos responsáveis pela nossa sorte, pelo nosso destino. Mas utilizar palavras como “sorte” e “azar” para definir vidas, para definir pessoas, é uma atitude um pouco passiva, como se a maior parte das coisas das nossas vidas fossem definidas por outras forças, além da nossa própria vontade e atitudes. É como se acreditássemos que a vida fosse um enorme jogo de roleta. E, honestamente, acho que isso não é verdade.
Muitas pessoas olham para a minha vida e dizem como tenho sorte… Muitos acreditam que eu viva uma vida de sonhos, uma vida na qual tive sorte, no sentido de que as coisas simplesmente aconteceram para mim e isso não é verdade.
Não esperei sentada que a minha vida acontecesse. Lembro-me de um episódio de Grey’s Anatomy (sim, sou viciada em séries) da segunda temporada na qual a Izzie e o George estão conversando sobre a Meredith e a Cristina, dizendo que elas eram “doers” e eles, Izzie e George, eram “watchers” e que eles tinham que se tornar mais pró-ativos. Me considero uma doer porque agarrei as oportunidades que apareceram no meu caminho e fiz a minha vida acontecer. Deixei meu emprego no Brasil, bons amigos e uma família que sempre me apoiou para perseguir um sonho. E acredito que a sorte, definindo-a como destino ou fortuna (e não simplesmente como algo que aconteceu e deu certo), sorri para uma pessoa quando ela tem a coragem de seguir os seus sonhos e tranqüilidade para aceitar suas conseqüências, sem arrependimentos.
Se utilizarmos a palavra “sorte” no sentido de fortuna ou destino, talvez tenha muita sorte sim. Mas, para isso, tive muita coragem de abandonar uma vida muito estável e bastante confortável para seguir meus sonhos e vontades. Quase ninguém vê isso. Muitas pessoas enxergam uma mulher bem-sucedida que viaja muito, com bons amigos e com uma personalidade forte que não lhe cabe no corpo e em forma, e acreditam que tudo isso aconteceu na minha vida. A verdade é que para ter tudo o que tenho e ser a pessoa que sou, tive que deixar muita coisa para trás, tenho que me esforçar e superar diariamente e tenho que enfrentar meus demônios internos, todos os dias. Porque, acredito que a única forma de melhorar como pessoa é enxergar e enfrentar os monstros da minha cabeça, meus defeitos. E só assim, admitindo o que é mais fácil negar, tenho a possibilidade de melhorar.
E, confesso, que deixar parte da minha vida para trás, como amigos e família, não foi uma decisão fácil… Sinto saudades das pessoas que eu amo e tive que deixá-los para seguir o caminho que acreditava ser meu todos os dias. Em geral, sinto simplesmente aquelas saudades gostosas, daquelas que nos fazem lembrar dos momentos gostosos que passamos juntos. Outras vezes, tenho vontade de dividir alguma coisa que aconteceu no meu dia, alguma coisa que só minhas amigas (loucas como eu) entenderiam ou receber um conselho da minha mãe, a única coisa que poderia acalmar minha alma naquele momento. Mas, existem momentos que um tipo de saudades muito ruim toma conta de mim, o tipo de saudades que arranha o meu coração e trás lágrimas aos olhos. O tipo de saudades que machuca e me faz questionar se as escolhas que eu fiz valeram à pena.
São esses os dias que me encolho na cama e, se tiver vontade, choro. Eu me permito chorar. Me permito ficar um tempo, encolhida na posição fetal e lamber minhas feridas. Porque todo mundo cai. Quedas, maiores ou menores, acontecem na vida de todas as pessoas; infelizmente não recebemos um mapa pré-nascimento, nos informando onde estão os pontos de queda e como temos que nos preparar. No entanto, o que define uma pessoa é sua decisão em continuar caída ou se levantar, limpar as feridas e seguir em frente. Porque a queda não é opcional, mas o sofrimento sim. Cada um escolhe o tempo que quer ficar jogado no chão.
Arrisquei muito e ganhei muito em retorno também. Conheci pessoas maravilhosas no caminho que escolhi e descobri que, embora as distâncias não possam ser diminuídas, o Skype pode trazer um pouco de paz ao coração. Descobri que embora os novos amigos que encontrei na vida não substituam os que não estão presentes no meu dia-a-dia, essa não é a função deles: o que eles fazem é adicionar mais sabor e alegria à vida que eu tenho, mais cores e vida em uma combinação de cultura que é meu círculo de amizades.
Então, acho que no final, não se trata de sorte, com o sentido de que a minha vida simplesmente aconteceu, mas sim de sorte no sentido de destino. Porque decidi agarrar as oportunidades que surgiram no meu caminho, arcar com as conseqüências e entender que todas as coisas, boas ou ruins, são conseqüências das minhas próprias atitudes e escolhas. E entender isso, entender que eu tenho o poder de controlar o meu próprio destino, é uma das maiores e melhores lições que aprendi. Em outras palavras, entendi que responsabilidade era assumir a minha vida. E eu o fiz.
concordo plenamente!!
=) Eh foda, neh Mimi? Hehe! Tanti bacci!
Texto perfeito! Me espelhei em cada paràgrafo, aconteceu praticamente o mesmo em minha vida. Havia um emprego estàvel, comodidade em casa, familia unida e bons amigos…fechei os olhos e respirei fundo ao seguir o caminho que acreditava ser minha vida dali para frente. E, justo como vc mencionou, as pessoas nao veem isso! Muito bom encontrar alguém que passou pela mesma experiencia, uma troca super saudàvel! E bora viver nosso sonho, nao é mesmo!?!
bjs,
Daphne
Oi Daphne! Antes de tudo, obrigada por ler o texto e pelo elogio!
Que lindo que nossas histórias são parecidas! Acho o máximo encontrar pessoas assim, como eu! Mas, honestamente, acho que a Ann fez um ótimo trabalho em reunir essa equipe de mulheres maravilhosas!!! =)
Acho que nós assumimos responsabilidade das nossas vidas e agarramos nossas oportunidades… Fizemos nossos destinos, nossas próprias sortes, não é mesmo? Meu pai fala que eu fui corajosa, mas tampouco vejo muita coragem em seguir os meus sonhos… Só agi de acordo com o meu coração! =)
Acredito que, no fundo, ninguém entende as dores e as delícias de sermos o que somos! =)
Um beijo enorme!